POLÍTICA

PT e Almansa declaram oposição ao Governo Cristian

Executiva e Coletivo Muda Mais divulgaram resolução e manifesto defendendo debate com a sociedade para a construção de um projeto para a cidade

Cachoeirinha – Com pelo menos três candidaturas encaminhadas para a eleição suplementar de Cachoeirinha, ainda sem data marcada – Cristian Wasem, Rubens Otávio e Delegado João Paulo, o PT ainda não definiu que caminho seguir.

O que está estabelecido é uma oposição ao governo interino de Cristian Wasem, que pretende se candidatar a prefeito. A Executiva do partido e o Coletivo Muda Mais, da qual faz parte o vereador David Almansa, divulgaram resolução e manifesto se declarando oposição a Wasem.

O partido ainda não tem uma definição se terá ou não candidato e um possível apoio a Rubens Otávio está descartado. “Acho o Rubens um qualificado quadro da política da cidade, jovem e com energia, mas constrói um campo oposto ao nosso. Pelo que vi, também construiu uma aliança com dois ex-prefeitos do PSB, que nós entendemos serem parte do todo que aí está. Então acredito que não, que não é uma possibilidade para o PT [apoiar Rubens]”, afirma.


Na resolução (leia abaixo, na íntegra), o PT defende um amplo processo de discussão com a sociedade para a construção de um projeto para a cidade. “Com todos e todas que queiram se somar a um projeto radicalmente popular, na intenção de apresentar uma agenda de reformas para a cidade, que impulsione o desenvolvimento econômico.”

Já o coletivo segue na mesma linha, ressaltando que o projeto a ser construído para o momento de transição com a eleição suplementar deve ser capaz de servir de pilar “para a construção de um programa de médio e longo prazo”.

Leia a resolução da Executiva do PT:

1 – O Partido dos Trabalhadores constrói o campo popular e democrático em Cachoeirinha e, por esse motivo, não compôs os governos liderados pela aliança PSB/MDB por entender que se tratam de governos com sérias limitações em seu programa, focados no desmonte dos serviços públicos, na inexistência do fomento à participação popular e na gestão urbana que prioriza a relação espúria com a especulação imobiliária.

2 – A agenda que se apresentava já continha muitos equívocos, porém, sob o governo Miki, ela piorou. Foi na gestão Miki que se ampliaram os ataques aos serviços públicos, com a imposição de uma agenda de destruição de direitos e arrocho salarial. É nessa gestão que se consolida um consórcio de partidos cooptados por relações não republicanas, produzindo no poder legislativo uma letargia, fazendo da casa do povo um espaço sem debates, restando apenas a condição de despachante dos interesses do executivo. Vimos isso no impedimento do debate público sobre o Mato do Júlio, no pacote de maldades aprovado no primeiro trimestre do primeiro mandato de Miki e na imposição de um modelo neoliberal que reduz secretarias, retirando o papel fomentador do desenvolvimento social que as mesmas deveriam ter.

3 – As operações desencadeadas pelo Ministério Público do RS contra a gestão Miki, que culminaram com o seu afastamento, demonstraram aquilo que já era denunciado por diversos atores da oposição; que o governo municipal se transformou num verdadeiro balcão de negócios com o objetivo de enriquecer um grupo dominante às custas do sofrimento do povo. Tudo isso ocorrendo em um período de pandemia, quando a administração sequer produziu uma política pública de apoio às famílias em situação de vulnerabilidade, na contra mão, inclusive, de governos alinhados ao centro.

4 – O governo Miki foi longe demais. É fundamental frisar que esse governo não chegou aonde chegou sozinho. Contou com o apoio integral da sua base na Câmara Municipal, que rejeitou pedidos de CPI’s e processos de impeachment quase que em efeito cascata. Uma base que silencia diante do caos, agindo sempre de forma oportunista, objetivando ocupar ainda mais espaços políticos no espaço municipal.

5 – Chegamos então na situação da cassação da chapa Miki/Maurício pelo TRE. Ao contrário do que tentam dizer setores das mídias locais, o governo interino é nada mais, nada menos que o mesmo, vide o retrato que consta nas redes oficiais da prefeitura, onde o advogado do denunciado e cassado ex-prefeito Miki figura como articulador político da administração interina. É a mesma base, são os mesmos interesses não republicanos e as mesmas práticas clientelistas que estão sendo apresentadas.

6 – É diante desse cenário que o Partido dos Trabalhadores reafirma sua condição de oposição a esse governo. Oposição séria, combativa e eficaz, que tem contribuído com o despertar de uma parcela significativa da população que passa a ver com esperança a possibilidade de uma virada política em Cachoeirinha.

7 – Rumando por esse caminho, a executiva do PT delibera por ampliar os diálogos com as forças progressistas da cidade, objetivando construir um amplo processo de discussão com a sociedade, com as trabalhadoras e os trabalhadores da iniciativa privada e pública, com a juventude, com as mulheres, com o movimento sindical, com os movimentos sociais, com o setor produtivo, com os profissionais liberais, com as lideranças religiosas e comunitárias e com todos e todas que queiram se somar a um projeto radicalmente popular, na intenção de apresentar uma agenda de reformas para a cidade, que impulsione o desenvolvimento econômico. Que fortaleça o nosso distrito industrial, para que gere empregos e tecnologia de ponta. Que combata a fome e a miséria. Que recupere os serviços públicos e entregue à população respostas imediatas e consistentes na saúde, na  e constituir um programa que oriente a posição do PT na eleição suplementar.

Leia o manifesto do Coletivo Muda Mais:

O governo de Miki Breier chegou ao seu fim graças à decisão unânime do Tribunal Regional Eleitoral, com um 7 a 0 histórico, pela cassação da chapa que venceu o pleito de 2020, ancorada por abuso de poder político e econômico. No entanto, ainda que esta tenha sido uma importante conquista para todas e todos que desejam viver em uma cidade melhor, é apenas um novo capítulo da triste história de Cachoeirinha, pois muda a figura à frente do Executivo, mas o projeto permanece o mesmo.

E que projeto é esse? Um projeto baseado na exclusão social, no baixo crescimento econômico e na manutenção de uma cultura e prática política não republicana. A nossa cidade chegou ao estopim da crise política e dos reflexos da corrupção, que resultam no abandono das escolas, no sucateamento da educação pública, na UPA superlotada, no transporte coletivo precário, em um município que não prioriza a assistência social,  moradia, educação, saúde e, tão pouco, faz o básico.

As operações capitaneadas pelo Ministério Público, que culminaram com o afastamento e indiciamento do ex-prefeito, evidenciaram o resultado da agenda deste grupo político que se locupletou com recursos públicos e abandonou a população à própria sorte, uma cidade sem esperança e sem perspectiva de retomar o desenvolvimento econômico e social.  Com isso, é fundamental impor uma derrota política e eleitoral a esse projeto de fome e desesperança. É necessário dar uma resposta uníssona dos trabalhadores, dos movimentos sociais, dos setores organizados e democráticos da sociedade civil. Essa resposta será a eleição de um novo governo, alicerçado em um novo projeto, amplamente debatido, amplamente construído e profundamente transformador.

É esse ambiente de crise mas também de esperança, especialmente com a liderança do Presidente Lula, que tem intensificado a construção de um programa de nação inclusivo e solidário, que o Partido dos Trabalhadores em Cachoeirinha precisa iniciar uma ampla mobilização social pela construção de um projeto para a cidade. Um projeto que pense a transição diante da eleição suplementar, mas que seja capaz de servir de pilar para a construção de um programa de médio e longo prazo, pensando a cidade e o seu povo como elementos indissociáveis para o estabelecimento da plena cidadania, da geração de empregos, do combate à corrupção, da oferta de educação pública de qualidade, do resgate da saúde, do SUS e do combate às terceirizações e à precarização dos serviços públicos.

Nossa energia é capaz de construir um movimento para virar o jogo e resgatar Cachoeirinha para o povo.

Artigos relacionados

error: Não autorizamos cópia do nosso conteúdo. Se você gostou, pode compartilhar nas redes sociais.