OPINIÃO: Jordan coloca a carroça na frente dos cavalos

Vereador atropela carroceiros, dá coices no Regimento Interno da Câmara, e quer proibir as carroças em 30 dias sem se preocupar com o que os carroceiros vão fazer

Executivo e Legislativo de Cachoeirinha vêm sendo pressionados pelas boas iniciativas dos municípios vizinhos enquanto por aqui todos parecem bater cabeça sem saber o que fazer. O mais recente exemplo de que estamos perdidos é a iniciativa do vereador Jordan Maurício, o chamado Protetor, que reformou um dito popular: agora, ele coloca a carroça na frente dos cavalos.

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Quando ficou alguns meses na secretaria de Sustentabilidade, Trabalho e Desenvolvimento Econômico, muito mais por acordo político por voto contra o pedido de impeachment do prefeito Miki Breier, só pensava em cavalos. Saiu pelas ruas cravando chips nos animais e recolhendo outros por maus tratos sem sequer a prefeitura ter um lugar para abrigá-los. Agora, depois de retornar à Câmara, inventou um projeto de lei capenga prevendo tão somente a proibição do uso das carroças em 30 dias.

Não deu outra: na última Sessão da Câmara, carroceiros protestaram. Ele foi para a Tribuna, e dando coices no Regimento Interno, resolveu abrir um debate com a plateia, apesar de vários alertas de que não poderia agir daquela forma. Na hora, inventou que iria realizar uma audiência pública para debater com os carroceiros o melhor caminho para eliminar o uso de cavalos em diversas atividades de subsistência de dezenas de famílias.

Antes de avançarmos, precisamos alinhar o seguinte: precisamos eliminar o uso de cavalos, boa parte vítima de maus tratos. Quanto a isso, imagino, todos concordam. Isto, contudo, não se faz como ele quer. Cachoeirinha tem, desde 2019, um projeto de lei do vereador Marco Barbosa prevendo a redução gradativa do uso das carroças em um trabalho a ser feito em conjunto entre secretarias para cadastramento de famílias e animais. Carroceiros receberiam cursos para seguirem alguma profissão e quem desejasse poderia receber carrinhos para seguirem na coleta seletiva.

Canoas e Esteio criaram seus programas seguindo esta fórmula. Aqui, nada avança. O Executivo faz de conta que a lei não existe, pois Marco Barbosa, apesar de ser cunhado de Miki, está rompido com ele e com o Governo há bastante tempo. Não bastasse isso, o interesse do Executivo em tratar este tema inexiste. Agora, Jordan quer tão somente a proibição e as pessoas que se danem.

A situação chegou em um ponto em que é necessária a intervenção do Ministério Público, pois cabe a ele estar vigilante sobre questões de interesse da comunidade. Jordan, apesar da boa intenção, não tem nenhum preparo para conduzir uma solução e sequer a humildade para buscar ajuda. E deveremos ter mais uma polêmica: onde vão colocar os cavalos apreendidos? Quem vai pagar a conta dos tratamentos? Imagino que vão querer socar todos dentro da Clínica Reviver, que foi fechada e deixou de ser alternativa para livrar muitas pessoas das drogas.