O que se sabe até agora sobre o novo dique de Cachoeirinha
Obra não é um projeto novo e sua execução depende de um estudo mais amplo

Cachoeirinha – A ampliação do dique que margeia o Rio Gravataí em parte do trecho que cruza Cachoeirinha não é um projeto novo e sua execução depende de um alto investimento que não surtiria muito efeito sendo executada de forma isolada. É necessária uma intervenção mais ampla na Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí contemplando investimentos em Gravataí e Porto Alegre.
O anúncio da inclusão da obra no PAC Seleções, anunciado pelo Governo Federal nesta terça-feira (30), requer R$ 65 milhões. O conjunto de intervenções na Bacia do Rio Gravataí, que prevê dique em Gravataí e microbarragens, além de diques em Porto Alegre, tem um investimento estimado em R$ 450 milhões.
Cachoeirinha quase ficou de fora do investimento, conforme o vereador David Almansa (PT). Isto porque o prefeito Cristian Wasem não teria procurado o ministro da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, com quem o parlamentar tem estreita relação.
O prefeito de Cachoeirinha nunca fez uma reunião com o Ministro, afirma Almansa.
“O Ministério da Reconstrução articulou com o Ministério da Fazenda uma exceção que permitisse que o Ministério da Reconstrução cadastrasse projetos no âmbito do PAC Seleções. Desta forma, abriu-se uma janela em que o Ministério pode incluir a temática da proteção contra enchente que foi negligenciada pelas prefeituras. O prefeito de Cachoeirinha nunca fez uma reunião com o Ministro. Nunca foi no Ministério da Reconstrução e nunca dialogou com especialistas sobre o tema. Diante da ausência dele, nós articulamos a vinda do ministro para ouvir a comunidade, entidades e especialistas. O ministro também articulou projetos já existentes da Metroplan, ouviu uma rede de estudiosos da bacia do Rio Gravataí. Após isso, o Ministério a Reconstrução colocou o projeto no PAC Seleções”, explica Almansa.
A história, contudo, não é bem essa, segundo o secretário do Planejamento, Paulo Garcia. “Nós fomos até a sede do Ministério e não fomos recebidos. Ficamos na porta”, disse, salientando que não iria entrar em “questões políticas”.
“Nós fomos até a sede do Ministério e não fomos recebidos. Ficamos na porta”, afirma Garcia.
O dique de Cachoeirinha, conforme Garcia, é um projeto muito antigo, desde a época da construção do trecho existente. O que existe hoje é anteprojeto do DNOS, antigo Departamento Nacional de Obras e Saneamento, que foi responsável pela parte do dique construída até a ponte.
“No governo Yeda Crusius, se tinha grande preocupação com cheias e foi realizada uma incursão pelo Estado em reuniões com comitês de bacias hidrográficas. Veio o governador Tarso Genro, e continuou andando. No governo de Ivo Sartori, a então presidente Dilma Rousseff foi anunciado investimento na prevenção de cheias e de lá para cá não andou”, conta.
Há 40 dias, conforme Garcia, o anteprojeto começou a ser analisado na prefeitura e sem sucesso em uma conversa com o ministro Pimenta, o prefeito Cristian Wasem procurou o vice-governador, Gabriel Souza, para pedir apoio.
“Este é um projeto que precisa ser pensado com intervenções na região. Não adianta investir em diques em Porto Alegre sem se preocupar com Cachoeirinha”, destaca. No anteprojeto antigo não está uma necessidade que surgiu com a enchente de maio: proteger o Parque da Matriz. Em recente estudo da Metroplan, dando continuidade ao projeto antigo, o bairro também não está contemplado.
“Um novo estudo deverá chegar a conclusão de que precisa ser feito investimento na parte do que que fica no Parque da Matriz. Esperamos que agora esse projeto anunciado hoje [terça] aconteça. O vice-governador nos revelou que o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/ARIMA) deverá ficar pronto até o final do ano. Já é um passo importante”, salienta.
A proposta do dique em Cachoeirinha é a de ele ser construído a partir da ponte até o Irga. Ele ocuparia uma área do Irga que é apontada como necessária para servir como bacia de amortecimento. São cerca de 60 hectares e o Estado teria que fazer a doação da área para esta finalidade.