POLÍTICA

Secretária é ameaçada de morte e se demite da Prefeitura de Cachoeirinha

Aline Mello destaca que vinha tentando moralizar contratações, mas passou a ser pressionada

Cachoeirinha – A secretária de Modernização Administrativa e Gestão de Pessoas, Aline Mello, entrou em licença saúde na última sexta-feira (1) depois de receber até ameaça de morte por questionar procedimentos na contratação de empresas para a prestação de serviços para a prefeitura de Cachoeirinha. Por telefone, ela colocou o cargo à disposição do prefeito Maurício Medeiros, que aceitou, e não retorna mais para a função.

Maurício Medeiros – Foto: Roque Lopes/Arquivo

Aline registrou uma ocorrência policial e vai apresentar ao Ministério Público um conjunto de documentos de colocam em dúvida uma série de contratações realizadas pela prefeitura nas últimas semanas, sem licitação. Ela cita um caso de uma empresa de São Paulo que foi contratada sem concorrência para prestar consultoria para a secretaria municipal da Educação.

“Nós tínhamos muitas empresas, inclusive na cidade, que poderiam ter participado da disputa, mas fizeram tudo correndo. Estavam fazendo muitas coisas que necessitavam de um procedimento mais transparente e eu comecei a questionar e tentar impedir. Os problemas iniciaram a partir disso”, conta.


Uma funcionária do setor chegou a sofrer um “assédio moral bem grave”. Segundo Aline, o chefe imediato determinou que a servidora não poderia passar nada para ela despachar. “A servidora tomou coragem e também fez o registro de uma ocorrência policial nesta segunda”, afirma.

A dispensa eletrônica para a contratação de uma empresa para a coleta de lixo, publicada na última quinta-feira (30) às pressas e tornada pública pelo site O Repórter também faz parte do conjunto de procedimentos que Aline não aprovou. “Fizeram tudo sem passar por mim”, frisa. A dispensa, conforme revelado pela reportagem, traz um edital com vários pontos diferentes da licitação que já estava aberta e foi realizada nesta segunda.

Aline salienta que a demora na abertura da licitação não foi culpa da sua secretaria. E quando ela tentou agilizar o processo recebeu pressões para não fazer nada. “São várias situações de contratações com dispensa de licitação de todos os tipos e portes. Desde contratos pequenos a maiores. Eu vinha solicitando o afastamento de algumas pessoas envolvidas nestes casos, mas não estava sendo atendida. Inclusive, duas que o Ministério Público afastou nas operações eu já tinha solicitado que não continuassem em suas funções”, revela.

“Eu recebi duas ligações de números privados com ameaças de morte. Na primeira nem dei muita bola, mas na segunda meu nível de estresse chegou no limite e tive que pedir licença. Nos corredores o assunto vinha sendo que eu estava atrapalhando, atrasando as contratações, mas estavam fazendo de uma forma não transparente e sem concorrência”, argumenta.

João Tardeti – Foto: Divulgação

Todos os problemas, conforme Aline, que é advogada e uma indicação do partido Solidaridade, foram levados ao secretário de Governança e Gestão, João Tardeti, mas nenhuma providência foi tomada. O secretário foi procurado, mas ele tem se negado em dar respostas ao site O Repórter há vários dias por estar descontente com a publicação de matérias sobre problemas que estão ocorrendo na Prefeitura.

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