POLÍTICA

Santos ganha área da Prefeitura de Cachoeirinha e teria várias irregularidades

Clube não estaria exercendo nenhuma atividade e ainda teria vendido construções em área pública

Cachoeirinha – A Câmara de Vereadores aprovou na noite desta terça-feira (14), por 10 votos favoráveis e quatro contrários, a cedência de uma área por 10 anos para a Associação Desportiva Santos Esporte Clube. Localizado na Granja Esperança, há pelo menos oito anos o Santos não tem nenhuma atividade.

O terreno de três mil metros quadrados com frente para a rua Vereador Osvaldo Corrêa e fundos na Lalau Miranda, em local muito valorizado, ao lado de escola e de um supermercado, teria construções que teriam sido vendidas. No lado direito, há uma casa e nos fundos outras construções que vão até a Lalau. A moradia da frente faria parte da área e teria sido vendida. Já nos fundos, há construções que seriam alugadas. Dentro do campo, há uma construção que poderia servir de vestiário, mas também teria sido vendida. Sobrou apenas a área para o campo de futebol.

Na Câmara, os vereadores Paulinho da Farmácia, Mano do Parque, Leonardo da Costa e Gustavo Almansa, foram contra a cedência. Paulinho estava com o projeto em vista e argumentou que a associação não vem realizando nenhuma atividade há pelo menos oito anos.

Na justificativa do projeto, assinada pelo prefeito Cristian Wasem, o Santos “vem cumprindo com as finalidades da cessão outorgada pela Lei nº 4082, de 2015, difundindo e aperfeiçoando a prática do futebol amador e outras modalidades esportivas amadoras, programando torneios e participando de campeonatos. O clube também promove festividades voltadas à população de baixa renda, além de difundir a prática do futebol de forma gratuita. Para que a Associação Desportiva continue promovendo o esporte em nosso Município é necessário que a cessão da área seja prorrogada.”


Na Tribuna, Paulinho argumentou que não poderia votar favorável porque o Santos não exerce nenhuma atividade esportiva ou social voltada para crianças carentes como afirmado na justificativa. “Não tem nada … as pessoas sabem do que eu estou falando”, disse. O parlamentar lembrou que há alguns anos o local chegou a ser utilizado como esconderijo por assaltantes. Moradores chegaram a colocar faixas pedindo que Santos fosse removido da área.

“Por que vamos dar concessão para as pessoas morarem, já que o clube não pratica o esporte? Então, entrem na fila da Habitação para ter uma moradia”, destacou, salientando que há clubes tradicionais na cidade que não possuem um campo e poderiam ser beneficiados. Paulinho ainda sugeriu que a área poderia ser utilizar para uma praça ou uma outra área de lazer ou ainda para a ampliação da escola José Victor de Medeiros. Já Mano do Parque, salientando que não é contra a cedência de áreas, disse que a Prefeitura deveria fazer a cessão de uso para entidades que exerçam atividades sociais.

O vereador Gilson Stuart revelou que foi até o local e levou junto o prefeito Cristian Wasem. “Estivemos lá, eu e o prefeito, e há o comprometimento [de retomar as atividades]. Ninguém faz um investimento se não tiver a cessão de uso”, argumentou. Gilson sustentou que os vereadores devem fiscalizar e caso a associação não cumpra com o prometido, a cedência pode ser revogada. O vereador Edison Cordeiro também defendeu a doação com os mesmos argumentos.

Na região, moradores que preferem não se identificar, temendo represálias, comentam que a nova cedência teria sido uma promessa de campanha do então candidato à reeleição Gilson Stuart na campanha eleitoral do ano passado.  

A cedência da área para o Santos foi definida na Lei 4.082, de 1º de outubro de 2015, no governo do então prefeito Vicente Pires. O prazo era de dois anos, vencido em 2017. A lei aprovada pela Câmara nesta terça acrescentou um parágrafo na Lei 4.082 estabelecendo o prazo de 10 anos prorrogáveis por mais 10 anos.

O CNPJ do Santos, conforme informações buscadas pela reportagem na Receita Federal, está inapto desde outubro de 2018 por “Omissão De Declarações”. No documento, Clea de Oliveira Maia, aparece como presidente. Procurada pela reportagem para falar sobre a irregularidade da associação e supostas vendas e alugueis de construções em área pública, ela preferiu não comentar. “Prefiro não me manifestar. Na hora oportuna te chamo para conversarmos”, disse.

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