
“Pelo amor de Deus, não façam isso com o rio”, apela Zaffa a Cristian
Prefeito de Gravataí fez pedido sobre proposta do prefeito de Cachoeirinha para evitar nova enchente
Cachoeirinha – Uma das medidas para evitar uma nova enchente em Cachoeirinha, comentada pelo prefeito Cristian Wasem com o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, em recente reunião, seria um desastre para a região. A proposta é de ser feito um desassoreamento do Rio Gravataí para evitar que ele venha a sair do seu leito com volumes de chuvas mais altos.
A afirmação do prefeito de Gravataí, Luiz Zaffalon, foi feita na segunda-feira (8) no Seminário “Desafio da Região Metropolitana: O que fazer após a maior enchente da história do RS, promovido pelo Grupo Sinos na Ulbra de Canoas. Ele explicou que há uma previsão de estiagem para o final do ano e que a dragagem sem antes serem construídas as microbarragens colocaria em risco o abastecimento de três cidades. Metade de Gravataí, 95% de Viamão e 100% de Alvorada, conforme Zaffa, dependem da água do Rio Gravataí para o abastecimento de suas populações.
“Pelo amor de Deus, não façam isso com o rio enquanto eu não construir as 13 microbarragens para segurar a água nos banhados do Gravataí. Eu fiquei apavorado, quando falaram, os prefeitos, temos de colocar a draga, temos que limpar … pelo amor de Deus, não façam isso”, salientou.
Zaffalon revelou que um estudo preliminar estima em R$ 95 milhões o custo para a construção de diques que protejam as regiões do Caça e Pesca e Mato Alto. A recente enchente revelou que também são necessários dique e casas de bombas no Vale Ville, Vila Rica e Novo Mundo. O investimento, comparando com a estimativa já feita do outro projeto, é de R$ 100 milhões. “Esperamos que o Estado faça os projetos executivos”, disse. As medidas para proteger a cidade estão sendo estudadas dentro da elaboração do Plano Diretor de Drenagem Urbana.
O governador Eduardo Leite também participou do seminário. Leite falou sobre a necessidade de ações que promovam a resiliência das cidades. “As mudanças climáticas são uma realidade. Precisamos estar muito bem estruturados e protegidos. Isso envolve sistemas de proteção, novo planejamento urbano, desassoreamento de rios e infraestrutura resiliente para suportar as pressões, como aeroportos e rodovias estruturadas”, afirmou. “Estamos buscando viabilizar recursos, tanto do Tesouro do Estado quanto de financiamentos da União.”
O governador comentou quatro projetos de sistemas de proteção que dependem de aportes do governo federal. Dois deles já estão com anteprojetos prontos e estudos de impacto ambiental aprovados: o do rio Jacuí, destinado à proteção de Eldorado do Sul, e o do Arroio Feijó, para Alvorada e Porto Alegre. Outros dois, na Bacia do Gravataí e do Sinos, ainda estão em fase de elaboração de estudo de impacto ambiental.Considerando apenas esses quatro projetos, o custo estimado chega a R$ 4 bilhões. “Vamos buscar a aprovação dos projetos junto à União, que tem capacidade financeira e, inclusive, a obrigação constitucional de estabelecer medidas contra enchentes”, acrescentou o governador, lembrando, ainda, a necessidade de avançar na revisão de sistemas de proteção na bacia do Guaíba e em estudos de impacto ambiental na bacia do Caí.
Promovido pela empresa de comunicação Grupo Sinos, o debate contou também com a participação do secretário-executivo da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução, Emanuel Hassen, do presidente da Assembleia Legislativa, Adolfo Brito, de prefeitos da Região Metropolitana e de técnicos do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH-Ufrgs), entre outros especialistas no assunto.
Os técnicos apontaram sugestões para qualificar o sistema de proteção da Região Metropolitana. O documento que reúne as propostas foi entregue aos governos federal e estadual e servirá de base para análises técnicas.