Roque Lopes

OPINIÃO: não abrir CPI do hospital é ignorar a dor do povo

Vereadores que lideram movimento para barrar CPI estão prestando um desserviço à sociedade

Não é de hoje que a população de Cachoeirinha sofre com os serviços prestados pelo hospital Padre Jeremias. Depois da UTI Neonatal, um grande avanço, nada de significativo aconteceu e até verba para ampliação, conquistada com o voto da população na Consulta Popular, foi perdida. É verdade que não podemos fazer terra arrasada, mas não temos mais como aceitar passivamente as centenas de reclamações que se acumulam na última década, pelo menos. E não podemos, também, jogar sobre os profissionais a responsabilidade por tudo.

A administração do hospital é do Instituto de Cardiologia, de Porto Alegre, e cabe ao Estado uma série de obrigações. É verdade que do total de atendimentos, a maior parcela são de procedimentos que deveriam ser buscados pela população nas unidades básicas ou nas UPAs. Também é verdade que uma parcela significativa dos atendimentos é de moradores de Gravataí. São problemas de toda ordem cuja solução nunca chega.

Nelson Martini, Felisberto Xavier, Major e agora Gelson Braga e David Almansa não quererem uma investigação e estão em pleno direito, cada um com sua justificativa. Dizem que a Comissão de Saúde do Legislativo pode buscar explicações, mas só agora se deram conta disso? Só agora que a maioria teve o bom senso de investigar a fundo o que acontece, essa alternativa aparece? E ainda com o vereador Xavier dizendo que vai fazer isso independentemente da CPI? Quer concorrer com a CPI para ver quem vai trabalhar melhor?


A deficiência no requerimento de Mano do Parque, que não apresenta uma denúncia específica e provas, é algo que pode ser corrigido. A preocupação de que a investigação pode gerar na população mais reclamações contra o hospital, dificultando os serviços, também não se sustenta. Hoje, as pessoas já reclamam e não podem contar com ninguém.

É preciso que os vereadores entendam que uma Comissão Parlamentar de Inquérito é uma forma de eles exercerem uma das suas principais atribuições: a de fiscalizar.  Não é necessário haver uma suspeita de desvio de verba pública ou outro crime. A CPI vai proporcionar um esclarecimento sobre tudo o que acontece no hospital e indicar caminhos para que haja melhorias. Se alguma irregularidade for descoberta, aí os procedimentos legais deverão ser tomados. A população precisa de respostas e a Câmara tem que cumprir com o seu papel.

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