OPINIÃO: Miki vai renunciar, mas ele não sabe disso
Não há mais clima para o prefeito eleito pelas urnas se manter no cargo
O relatório da comissão do impeachment, lido na manhã desta quarta-feira (15), foi extremamente duro com o prefeito afastado Miki Breier. Foi mais um sinal de que não há mais clima para a continuidade dele no cargo. Mesmo que a defesa consiga por via judicial anular todo o procedimento, outro pedido entra dias depois e ele acaba sendo cassado, perdendo os direitos políticos. Miki vai renunciar. Ele, contudo, não sabe que vai tomar essa decisão. Eu sei.
Não resta outro caminho. Insistir terá como custo a perda dos direitos políticos e não poderá concorrer a nenhum cargo eletivo por oito anos. Renunciando, vai trabalhar sua defesa com chances de comprovar não estar envolvido com corrupções. E depois poderá provar para a sociedade que sempre foi uma pessoa séria como mostra sua carreira política de 30 anos. Mas precisa dar uma alinhada com sua defesa.
Já teve a trapalhada da perda do prazo processual no processo que determinou seu afastamento. Depois, na defesa prévia apresentada à Comissão Processante, em meio a uma queda de bicicleta, mais um tropicão. O documento, deselegante para o momento, ainda trouxe um erro ao alegar que vereadores impedidos votaram pelo recebimento da denúncia.
O cenário é desastroso em todos os sentidos para Miki. Eu diria que é pior ainda para a cidade, que está parada. A queda de Miki, necessariamente, não significará uma retomada na reconstrução de Cachoeirinha. Maurício Medeiros, o prefeito em exercício, vinha bem se mostrando mais receptivo e aberto ao diálogo. Até esta terça, quando teve a eleição da Câmara.
Claramente, ele apoiava a candidatura de Felisberto Xavier e acabou se indispondo com alguns parlamentares. Para quem não percebeu, a eleição marcou a supremacia dos novos da política. Venceram a velha guarda, da qual Maurício Medeiros faz parte. E há quem queira cassá-lo também. Ou Maurício muda, ou vamos ter mais três anos de estagnação em um cenário que deixa quem se preocupa com a cidade envergonhado, deprimido.
Sem Miki e com Maurício alinhado com a Câmara, a cidade poderá ser completamente transformada em três anos. Cachoeirinha terá em 2022 o maior orçamento da sua história e R$ 80 milhões em financiamentos para investimentos, a maior parte em infraestrutura. Sem ter aumentado sua despesa, a cidade terá um acréscimo de 12,5% na arrecadação de IPTU, o ingresso acumulado das multas de trânsito, os R$ 12 milhões se a Corsan for privatizada, e o aumento orgânico da receita, um alívio nos gastos com a previdência dos servidores, para citar pequenos exemplos. Boa parte disso, necessário e importante reconhecer, devemos à gestão austera de Miki. Ninguém tira isso dele.
Cachoeirinha poderá se transformar em um canteiro de obras e se Maurício se der conta disso, entrará para a história como o melhor prefeito de todos os tempos. Concorre a prefeito e vence com a maior votação da história, superando Vicente Pires. E pela primeira vez chega ao cargo pelas urnas. Já foi prefeito com a morte de Chico Gaiteiro e, com Miki renunciando ou cassado, também ocuparia o cargo por via indireta.
O que sei é simples: não podemos mais conviver com disputas políticas além do que podemos considerar normal. A população está sendo prejudicada, a cidade está perdendo. Tem sido deprimente ver a Cachoeirinha como está. Fosse ela uma pessoa, precisaria de internação imediata para que fosse evitado um suicídio.