OPINIÃO: Jordan segue certo; 4 Patas estava fechada – oreporter.net – Notícias de Cachoeirinha e Gravataí
Clínica 4 Patas - Foto: Divulgação/Arquivo

OPINIÃO: Jordan segue certo; 4 Patas estava fechada

Polêmica teve desdobramentos com o prefeito dizendo que a clínica nunca fechou e não fechará

Na minha última coluna sobre a crise relacionada à Clínica 4 Patas eu não fui suficientemente claro. Vou tentar fazer isso agora. Quando um serviço público deixa de atender ao público ele está fechado. Fazer somente o que estava agendado não significa que esteja aberto. No mundo que eu vivo, que não é muito louco como diz um personagem em uma série de TV, é assim. Depois que o vereador Jordan Protetor saiu do governo e anunciou que a clínica estava fechada ocorreu uma mudança.

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Na live que o prefeito fez foi anunciada que as emergências seriam atendidas e que somente as consultas estavam suspensas enquanto o serviço é reestruturado. O que o povo não sabe nessa história toda é que Jordan tinha uma influência além do “normal” no funcionamento da clínica. A gente poderia dizer que ele mandava nela. Isso está correto? Claro que não. Mas como eu posso, então, dizer que o vereador está certo?

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Vamos por partes. Preste bem a atenção. A clínica nasceu no governo Miki muito mais por uma necessidade de apoio político do que pelo serviço em si. Depois, Jordan ganhou espaço porque o então prefeito precisava do voto dele para não ser cassado. O vereador passou a mandar e desmandar em um serviço do Executivo – vários fazem quase isso hoje. Veja outra questão, sem relação com a clínica, mas importante saber para tentar entender a linha de raciocínio: Cristian não seria prefeito se não tivesse sido eleito presidente da Câmara com o voto do então vereador Juca Soares, que não votou no candidato do seu partido, Felisberto Xavier. Se Juca quiser algo e não estrapolar o aceitável, será atendido.

Vocês estão entendendo as relações que existem por trás do que acontece na política e também na vida? Veja bem: o novo governo decidiu melhorar os serviços e que Jordan não poderia continuar interferindo na clínica e ele foi chamado para conversar e não aceitou. O parlamentar tem a clara percepção de que a visão dele sobre o serviço é que está correta. O governo não.

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Se o vereador tem essa percepção e foi acostumado a agir como age, ele não está errado. O governo também não está errado em querer mudar. Não existe certo ou errado, se você quiser ir a fundo na discussão destes conceitos, embora eu diga que Jordan esteja certo – parece uma ex-presidente fazendo cálculos. Esse tema das relações humanas é complexo.

As coisas são como elas são, não havendo a necessidade de julgamentos e rótulos. O problema está onde, então? Na falta de transparência e diálogo, insisto nisso. Transparência é dar publicidade ao que está sendo feito ou planejado, em detalhes. Já diálogo é conversar e não apenas comunicar a decisão. E nessa conversa, aceitar rever alguns pontos, se não existir argumentação suficientemente forte para sustentar o ponto de vista. Se o outro não aceita de forma alguma, paciência. Mas você deve comunicar isso, na esfera pública, à população.

O que aconteceu: a prefeitura simplesmente publicou um comunicado no seu perfil no Facebook dizendo que em fevereiro somente seriam realizados procedimentos agendados. E publicou no dia 10, quase no meio do mês. E não deu detalhe algum. Para ela, a prefeitura, isso é o suficiente. O vereador não aceitou e fez o que fez, perdendo seus cargos. Depois da crise, o prefeito correu para chamar os envolvidos de mentirosos e para dizer que a clínica não estava fechada e na segunda anunciaram que atenderiam emergências, até então não previstas.

A equipe de um prefeito dança conforme o ritmo da música que ele toca. E o prefeito tem optado por se vitimizar. Assim, todos vão começar a achar que são perseguidos por opositores, por malfeitores, por quem não quer o bem da cidade, a qualquer obstáculo que surja, a qualquer crítica. O governo precisa ser transparente. Precisa estruturar o setor de comunicação. Precisa dialogar com todos, todos, todos, repito, os envolvidos nos processos a serem reestruturados – não precisa fazer como o PT. E anunciar isso para a população antes de simplesmente fechar as portas de um serviço.

Toda a decisão a ser tomada, especialmente em áreas sensíveis, como esse caso dessa interferência do vereador, precisa ser muito bem analisada. Se você quer fazer algo, deve colocar no papel todos os cenários possíveis e o que pode acontecer em cada um. Isso parece complexo, mas não é. Se você começa a agir assim, isso acaba sendo automatizado. O vereador está certo mesmo estando errado. E o governo está errado mesmo estando certo. Para quem não entender isso, e está tudo certo se você que está lendo não concorda, terapia pode ajudar. E se você achar que eu é que preciso, também está tudo certo.

Atualizada – 15/02/2023 – 12h17min

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