OPINIÃO: Governo Cristian inicia sem transparência e com mais CCs

Projeto de lei criando três novas secretarias e aumentando a quantidade de cargos em comissão está na Câmara
O governo Cristian Wasem, que vai cumprir um mandato pela metade, pois são apenas dois anos e alguns dias, iniciou mal. Entre as primeiras medidas está a falta de transparência. A imprensa não tem mais acesso a informações das secretarias e a Guarda Municipal foi proibida de repassar informações. Tudo foi centralizado no setor de comunicação social, onde foram empregados alguns dos ativistas de redes sociais que costumam ser contra governos. Outro foi “premiado” com cargo para familiar para, digamos, ficar mais calmo.
O problema não é a centralização e sim a não divulgação de assuntos importantes para a comunidade e que são buscadas por jornalistas da imprensa local. Eu, por exemplo, estou há três semanas pedindo o número de crianças que ficaram sem creche. Outro dia eu queria dados da Covid para uma matéria sobre o retorno da obrigatoriedade do uso de máscaras em postos de saúde, que sequer foi divulgada pela prefeitura de forma ampla (estava no Diário Oficial). Fui informado que deveria pesquisar no site da prefeitura. Outro veículo que cobre a cidade, o site Seguinte, também não recebe retorno para um outro assunto, como revelou o jornalista Rafael Martinelli.

O Governo se fechou em si. Bom dizer que a decisão de se fechar vem do Gabinete do prefeito e não do vice. A população fica sem informações. No caso da segurança, por exemplo, qualquer um sabe que quanto mais for divulgado o trabalho dos profissionais da área, mais aumenta a sensação de segurança da população e inibe a criminalidade. Agora a ordem é não dar nenhum dado para a imprensa. E o setor de comunicação praticamente não divulga nada sobre o que é feito.
Outro dia, o prefeito correu para as redes sociais para fazer uma live dizendo que estavam divulgando fake news sobre mais pardais na cidade. Ele se elegeu prometendo diminuir os controladores, mas colocou mais um na Flores da Cunha. Ele queria que o enfoque de uma matéria que eu fiz fosse de que estava reduzindo os pardais. Na verdade, reduziu. Tirou dois de faixas onde carros estacionavam e, desta forma, não serviam para nada, e ainda outros três conjuntos na periferia que estavam irregulares. Isso tudo estava na matéria, onde o título destacava que a Flores da Cunha teria mais um e não que estava havendo um aumento de pardais na cidade. Se é contra a quantidade de pardais, por qual motivo coloca mais um na principal avenida do município que ficou conhecido como a cidade das multas? Não havia a necessidade e a apresentar como justificativa a necessidade de educar motoristas é muito pouco.
Agora chegou na Câmara de Vereadores o projeto de lei 4719/22 estabelecendo a nova estrutura administrativa da Prefeitura. Hoje, são 11 secretarias e a Procuradoria-Geral com 182 cargos no total, descontando os titulares. Foi Miki Breier que fez o enxugamento da máquina. No Governo Cristian, a estrutura aumenta para 14 secretarias, a Procuradoria-Geral e mais um cargo com status de secretário. O Gabinete do Prefeito teve o número de cargos dobrado. Com Miki eram 5. Agora serão dez, sendo dois com salários iguais aos dos secretários. A primeira-dama também passa a ter gabinete instituído em lei, algo inédito. E poderá ter servidores para auxiliá-la.
Pelo projeto, que vai ser aprovado, são 207 cargos. Vão ser criados mais 25, sem contar os dos secretários. Todos são de Cargos em Comissão, os chamados CCs. A secretaria do Planejamento e Captação de Recursos foi dividida em duas. O mesmo ocorre com Mobilidade e Segurança. Já na Assistência Social, foi tirada a Habitação, que passa a ser secretaria.
Em um pouco mais de três décadas de jornalismo eu tive a oportunidade de acompanhar vários estilos de gestões. Esta de Cachoeirinha, como se desenha, a se manter a regra, está fadada a enfrentar muitos problemas. O prefeito tem um estilo de dar uma empurrada com a barriga. Outro dia, em uma comissão na Câmara, uma das líderes da Nova Conquista, Elisângela Gomes, disse que não adianta um prefeito visitar ocupações de bicicleta e não fazer nada.
Nós precisamos entender o seguinte: a vida tem suas próprias regras. Não adianta você querer impor a sua se considerando iluminado por Deus porque as coisas não funcionam desta forma. Um Governo que se fecha, que não tem transparência, que tem medo de enfrentar os problemas de forma pública, que começa a se achar perseguido, que esconde informações da imprensa, que não aceita críticas, que silencia críticos de redes sociais com cargos, que fecha pacotes dando cargos em troca de apoio político, que se vitimiza, só torna muito mais difícil a possibilidade de dar certo. Isto acontece porque é tudo artificial. E o que não é construído sobre uma base sólida, não prospera. Na primeira ventania, desaba.