Roque Lopes

OPINIÃO: Governador, socorra o Hospital de Campanha de Cachoeirinha

Estado tem virado as costas para a importância da estrutura mantida pela Prefeitura

A fase mais crítica da pandemia no Estado revela um retrato assustador: pessoas morrendo a espera de uma internação. O prefeito de Gravataí, Luiz Zaffalon, anunciou nesta sexta que a saúde na cidade entrou em colapso. Não há mais leitos. Em Cachoeirinha o quadro só não é mais desesperador porque o prefeito Miki Breier investiu no Hospital de Campanha.

A estrutura tão criticada vem salvando vidas e agora os críticos passaram a dizer que ela não era objeto de campanha eleitoral e queriam, na verdade, melhorias. Passaram a elogiar os profissionais de saúde, mas mantiveram algumas ressalvas ao que seus familiares, que estão sendo salvos, estão vendo lá dentro.

O HC deveria estar fechado neste momento ou com uma estrutura bem menor no 24 horas. Nos dois casos, teríamos um caos na cidade. O Padre Jeremias está no seu limite e se tivesse que receber os cerca de 40 pacientes internados ali no Ginásio da Fátima já teria alugado um container refrigerado para colocar corpos.


Para manter o HC em funcionamento, Miki fez um esforço e até agora procura recursos para pagar o custo mensal de R$ 1,2 milhão. Março vai terminar e é provável que o hospital ainda seja necessário. E de onde sairá mais dinheiro? Ninguém sabe.

O Governo do Estado acionou a fase 4 do Plano de Contingência e lá está escrito que hospitais de campanha seriam acionados. Está apenas no papel, pois o governador Eduardo Leite tem virado as costas para o que a população de Cachoeirinha precisa.

É verdade que o Estado investiu no Padre Jeremias e isso deve ser reconhecido. Sequer tínhamos UTI ali e elas só foram providenciadas depois que foi constatado que vidas estavam sendo perdidas por falta de estrutura de atendimento.

O investimento, contudo, se mostrou insuficiente e o Hospital de Campanha de Cachoeirinha tem cumprido o seu papel. É necessário dizer, para quem ainda não sabe, que o HC não tem a complexidade necessária para atender casos muito graves. O que temos ali é algo como UTIs semi-intensivas responsáveis por evitar que pacientes agravem a ponto de exigirem leitos em hospitais da capital ou do interior.

Importante saber, também, que quando o paciente possui outras doenças, ou outros órgãos acabam sendo comprometidos, é necessária a transferência. O problema é que conseguir um leito de UTI com maior complexidade é quase impossível hoje. Dias atrás o diretor clínico do Padre Jeremias, ao pedir para que as pessoas respeitassem as regras de distanciamento e higienização, havia dito que não seria possível salvar todo mundo. E não está sendo.

O quadro só não é mais desesperador pelo esforço feito pelo prefeito Miki Breier. O Estado precisa reconhecer isso e o governador Eduardo Leite deveria encontrar uma forma de aportar recursos na estrutura que tem evitado muitas mortes. Esta conta não deve ser paga apenas pelo contribuinte de Cachoeirinha que vai sentir ali na frente a falta deste dinheiro para obras e serviços.

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