OPINIÃO: base é base, oposição é oposição e estamos conversados

Isto não significa que não possam haver opiniões em comum, mas quando o assunto extrapola os limites do prédio na rua Manatá, a coisa muda de figura
A nova legislatura da Câmara de Vereadores entra na tarde esta terça-feira (30) na sua nona Sessão e é possível perceber que aos poucos as coisas vão se acomodando. É cada um no seu quadrado. Base é base e oposição é oposição e estamos conversados.
Vereadores, caso alguém não saiba, são quase como uma família, independentemente de cores partidárias. Mas quando o assunto abordado extrapola os limites do prédio ali na rua Manatá, a coisa muda de figura e não adianta querer misturar água e óleo.
Na Sessão desta tarde, por exemplo, a proposta do vereador Mano do Parque para criar uma Frente Parlamentar do Abastecimento de Água quase foi pelo ralo. Para a proposta avançar, ela precisa de seis assinaturas e tinha oito, sendo três delas de vereadores da base governista. Pois Paulinho da Farmácia, Otoniel Gomes e Juca Soares apresentaram requerimento retirando suas assinaturas.
Sobraram apenas as cinco dos oposicionistas, ou seja, o projeto não avançaria, mas na prática eles não podem fazer a supressão porque o projeto já estava tramitando e vai continuar. A ideia era matar o projeto na origem, mas agora vai ter que ser no voto. Na prática, ele não será aprovado, mas oposicionistas terão a oportunidade de usar os espaços de discussão para criticar a base.
Outras comissões especiais foram tentadas desde o início da Legislatura. Nenhuma avançou e até se gerou uma polêmica em torno de posicionamento do Líder do Governo, Felisberto Xavier, sobre a necessidade de serem precedidas de requerimento. Superada a polêmica, agora essas propostas serão mortas na origem pois integrantes da base não deverão dar a assinatura que a oposição não tem para fechar seis vereadores.
E eu digo que nenhuma outra vai avançar, enquanto a base estiver alinhada. É bom lembrar que na Legislatura passada, as comissões foram ferramentas muito usadas para desgastar o governo e favorecer na campanha eleitoral os candidatos da oposição. Tudo isso depois que a base se fragmentou.
Agora, imagino, oposicionistas vão subir o tom para dizer que querem sufocá-los. Mas é isso mesmo. A maioria é quem manda. Na democracia funciona assim, a maioria vence, mas há quem possa dizer que não sob o argumento de que a minoria não pode ter seu direitos limitados.
O debate entre os conceitos de democracia e a regra da maioria atravessam séculos e não é aqui em Cachoeirinha que vamos chegar a um consenso. Por enquanto, resta aos oposicionistas usarem o espaço que as urnas lhes deram. E no exato tamanho de 5 entre 17 possíveis.
ATUALIZADA – 31/03/21 – 9h19min – A coluna havia sido escrita antes da Sessão iniciar nesta terça-feira. Nela, foi concluído que assinaturas não podem ser retiradas depois que projetos começam a tramitar. A coluna foi atualizada.