Afirmação é da vereadora Jacqueline Ritter. Segundo ela, índice está errado e governo vem usando ele mesmo sabendo disso
Cachoeirinha – O prefeito Miki Breier não assumiu a Prefeitura em 2017 tendo que destinar quase R$ 8,00 de cada R$ 10,00 arrecadados para pagar a folha do funcionalismo. O percentual de comprometimento da receita de 77,67%, segundo a vereadora Jacqueline Ritter disse na Tribuna da Câmara na noite desta terça-feira (11), está errado e o governo sabe disso.
“Certas coisas não condizem com a verdade. Os 77% são uma falácia. Na época, no último quadrimestre, ocorreu um erro com o lançamento duplicado da cota patronal do Iprec. A equipe de transição do governo sabia disso”, afirmou a parlamentar, salientando que na verdade o percentual de destinação da receita era de 64,59%.
Jacqueline fez um levantamento no Tribunal de Contas do Estado (TCE) e elaborou uma planilha com o comprometimento da receita para pagamento de pessoal desde 2009. No último quadrimestre de 2016, quando o então prefeito Vicente Pires estava deixando a Prefeitura, aconteceu o lançamento duplicado, mas o TCE ainda está analisando o recurso apresentado e não deu um parecer definitivo.
A vereadora destacou ainda que Vicente entregou uma folha de pagamento na casa dos R$ 12,9 milhões e hoje ela está em R$ 13,6 milhões. Jacqueline disse ao oreporter.net que não está defendendo a última administração. “É uma continuidade. Somos todos do mesmo partido. Acontece que o atual governo precisa falar a verdade.”
Percentual da receita comprometida com a folha de pagamento durante o governo Vicente Pires
Ano | 1º Quad. | 2º Quad. | 3º Quad. |
2009 | 53,53% | 53,90% | 52,68% |
2010 | 50,25% | 51,15% | 50,27% |
2011 | 50,19% | 48,16% | 47,71% |
2012 | 48,08% | 51,42% | 50,21% |
2013 | 50,62% | 49,46% | 47,28% |
2014 | 49,44% | 53,02% | 52,03% |
2015 | 54,55% | 50,84% | 53,11% |
2016 | 49,90% | 53,16% | 64,59% |
Percentual da receita comprometida com a folha de pagamento durante o governo Miki Breier
Ano | 1º Quad. | 2º Quad. | 3º Quad. |
2017 | 64,40% | 65,86% | 67,87% |
2018 | 62,35% | 63,45% | 60,49% |
2019 | 57,90% | x | x |
Ela citou ainda na Tribuna a despesa com CCs, pegando o gasto de outubro do último ano da gestão de Vicente para comparar com o de hoje. “Em outubro de 2016, havia 114 CCs e o gasto com eles era de R$ 403 mil. Hoje, existe 162 CCs e o gasto é de R$ 584 mil. Então, a despesa maior ou ocorre pelo número maior de CCs ou pelo aumento do subsídio deles.”
Jacqueline não falou, mas o mês escolhido por ela, como acompanhado pela reportagem na época, foi justamente quando Vicente vez o maior corte no número de CCs. O vereador Edison Cordeiro usou a Tribuna e ironizou a suspeita levantada por Jacqueline de que a culpa pelo comprometimento da receita está nos CCs.

Conforme Cordeiro, o problema da Prefeitura poderia ser facilmente resolvido. Bastaria demitir todos os CCs para cortar os R$ 584 mil da folha, que fica ao redor de R$ 13 milhões, para ela ficar em R$ 12,5 milhões. Ele quis dizer que a análise da parlamentar era simplista e que o corte no gasto não teria nenhum impacto significativo. “É fácil falar e vir aqui jogar ao vento. Temos que pensar mais e apresentar soluções. Vir aqui falar é fácil.”