Vereador de Cachoeirinha foi preso na manhã desta terça-feira (3) em nova fase da operação Cidade de Deus
Cachoeirinha – O vereador Juca Soares (PSD), preso na manhã desta terça-feira (3) em nova fase da operação Cidade de Deus, seria o líder do núcleo de política da facção criminosa Bala na Cara. A diretora do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), delegada Vanessa Pitrez, em entrevista coletiva, explicou que ele teve financiamento para sua campanha eleitoral com recursos viabilizados pelo seu irmão, Tiago Soares da Silva, o “Pequeno”, preso em Itapema/SC em março deste ano. As provas, conforme a delegada, são robustas.
A Polícia Civil identificou três núcleos distintos e interligados. A investigação teve início em julho de 2020, a partir de uma colaboração premiada que apontou a autoria de 31 homicídios. O primeiro núcleo é o de crimes violentos e tráfico de drogas. O segundo, de jogos de azar como bingos e caça-níqueis.
Já o terceiro é o da política. A campanha eleitoral, conforme a Polícia, foi caracterizada por ameaças e violência contra opositores, além de pressão contínua e troca de favores com eleitores de comunidades carentes.
“Hoje [terça], estancamos o princípio de uma expansão perigosa. A partir do momento em que uma organização criminosa invade o poder público, o risco de atuação legitimada é muito grande”, disse Vanessa, ressaltando que a atuação da polícia busca evitar que aconteça no Rio Grande do Sul o que já vem acontecendo em São Paulo e Rio de Janeiro.
A delegada destacou que a investigação não apontou para políticos integrando a facção, mas sim o contrário, ou seja, criminosos buscando espaços na política. “Juca seria o primeiro financiado a se eleger. Temos conversa do Tiago Pequeno [Irmão de Juca] dizendo que agora era a hora [da facção] se inserir no meio político”, afirmou.
Na operação foram cumpridos 21 mandados de prisão preventiva. Deste total, 18 foram contra acusados já presos. Nesta terça foram presos Juca e um homem apontado como líder do núcleo de jogos. O apontado como líder do núcleo de execuções e tráfico não foi localizado. Na operação a política ainda deteve dois homens com drogas.
A operação foi conduzida pelo titular da Homicídios de Gravataí, delegado Ricardo Miles. “Este foi o trabalho mais completo de 2021. Conseguimos identificar com precisão a estrutura hierárquica e seus núcleos”, ressaltou, salientando que a parte mais importante foi a de evitar o acesso da facção à maquina pública. A delegada Vanessa acrescentou que além de eleger um vereador, a organização se infiltraria ainda mais no poder porque tem cargos políticos podendo serem preenchidos por indicados da facção.
Vídeo – Juca é conduzido ao Palácio da Polícia – Imagem: Diego Calovi/SBT-RS
A Câmara de Vereadores ainda não se posicionou sobre a prisão. A presidente, Jussara Caçapava, não retornou contato da reportagem. Já o procurador do Legislativo, Rodrigo Silveira, disse que aguarda um comunicado oficial do Judiciário sobre a prisão para ser definido o que será feito. Não existe em lei um prazo determinado para a duração de uma prisão preventiva. A regra é que perdure até quando seja necessário.
Nos próximos dias será decidido qual procedimento será adotado. No caso de ser chamado o suplente do PSD, Pricila de Oliveira Barra, que fez 645 votos, assume a vaga. Ela poderá ficar de forma definitiva no cargo se Juca tiver o mandato cassado pelo Legislativo.
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