Possibilidade de o serviço ser transferido para o Hospital de Alvorada dominou o debate político esta semana
Cachoeirinha – A secretaria estadual da Saúde negou nesta quinta-feira (9) que esteja em estudo o fechamento da UTI Neonatal do hospital Padre Jeremias havendo a transferência do serviço para o Hospital de Alvorada. Os dois hospitais são gerenciados pelo Instituto de Cardiologia e novos contratos de gestão serão licitados pelo Estado caso a negociação com o Grupo Hospitalar Conceição não avance.

O fechamento da UTI Neonatal foi trazido à tona pelo vereador David Almansa na Sessão da Câmara de Vereadores na última terça-feira (9). Na manhã desta quinta, durante a reunião da Comissão de Saúde, Assistência Social e Meio Ambiente, da Câmara de Vereadores, o parlamentar afirmou que a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, disse no programa Atualidades, da Rádio Gaúcha, que havia a possiblidade do fechamento.
A secretária municipal da Saúde, Bianca Breier, esteve na reunião da Comissão para falar sobre como o Município vem enfrentando as consequências de o Padre Jeremias restringir atendimentos, inclusive na área de obstetrícia. Sem se referir ao vereador, Bianca classificou o que ele disse de falácia. “Qual o intuito disso, causar pânico na população?”, questionou.
Por intermédio de sua assessoria de imprensa, a secretaria estadual da Saúde informou à reportagem que a UTI Neonatal em Cachoeirinha não será fechada. Já na reunião da Comissão, a secretária municipal da Saúde destacou que em todos as reuniões realizadas na secretaria estadual nunca foi ventilada essa possibilidade. “Nós não aceitamos a retirada de nenhum serviço. O que buscamos é a ampliação”, disse, salientando que a Prefeitura quer pelo menos dois serviços novos: traumatologia e cirurgias urológicas.
A precariedade dos serviços prestados pelo Padre Jeremias, conforme a secretária, tem causado dificuldades para a rede municipal de saúde e, principalmente, para moradores de Cachoeirinha. A UPA tem recebido pacientes graves, como infartados ou com AVC, cujo atendimento rápido significa um diferencial na tentativa de ser evitado um óbito.

Bianca particiou da reunião da Comissão de Saúde da Câmara – Foto: TV Câmara/Reprodução
Como o Padre Jeremias não atende muitos casos, até mesmo os graves por falta de médicos que possam completar os plantões, a saída para a secretaria municipal é buscar pelo sistema do estado uma internação em outros hospitais, como em Guaíba e Parobé. A UPA, mesmo com a equipe de médicos dobrada, está sobrecarregada.
O hospital Padre Jeremias sustenta que os recursos que recebe não são suficientes para cobrir todos os custos e por isso os atendimentos estão restritos, inclusive para gestantes de alto risco. Enquanto não há uma definição sobre se sai a licitação ou não para a nova gestão do hospital ou se o Conceição assume, a possibilidade do fechamento da UTI Neonatal vem causando preocupação, embora com o desmentido do Estado.
De janeiro a outubro desse ano foram realizados no Padre Jeremias 946 nascimentos, sendo 562 de parto normal e 384 de cesarianas. Durante este período, conforme dados repassados à reportagem pela assessoria de imprensa, foram registradas 424 internações neonatais. Há hoje 106 gestantes em acompanhamento no pré-natal de alto risco. A UTI em Cachoeirinha é classificada como do Tipo II e recebe pacientes de todo o Estado.
Quem trabalha na UTI não esconde a preocupação causada com a divulgação de que ela poderia ser fechada. A enfermeira do setor, Sônia Corrêa Toniolo, é uma das organizadoras de um abraço ao hospital que será realizado no próximo dia 17 de agosto, Dia Mundial da Prematuridade. A ação não vai acontecer por conta do risco do fechamento, “mas vai acabar respingando”. Anualmente são realizadas palestras nessa época e esse ano a equipe resolver fazer algo diferente tendo em vista que nas últimas semanas já aconteceram muitas palestras, embora relacionadas a outros temas. A concentração para o abraço vai iniciar às 11 horas. “Queremos reafirmar a importância do serviço oferecido em Cachoeirinha”, destaca.
União aprova pedido feito para o Grupo Conceição
Conforme a secretária Bianca Breier, o Ministério da Saúde aprovou o pedido feito por Cachoeirinha e Alvorada para que o Grupo Hospitalar Conceição assume a gestão dos dois hospitais. Ela esteve vem Brasília há algumas semanas para protocolar o pedido em conjunto com a prefeitura de Alvorada. A aprovação, contudo, não significa que uma decisão esteja tomada, pois isso depende da avaliação final do Comitê Gestor. Uma equipe do Conceição já visitou os dois hospitais para colher informações detalhadas que servem de base para uma análise da possibilidade de as gestões serem assumidas. Isso ocorrendo, as licitações para os novos contratos de gestão não serão realizadas.