Gravataí

Abuso infantil: mãe aguarda por justiça há quase quatro anos em Gravataí

Menina tinha 8 quando contou que o homem que chamava de vô vinha cometendo abusos quando ela dormia na casa dele com a avó

Gravataí – Era 4 de dezembro de 2021 quando a mãe cortava as unhas da sua filha na sala de casa em Gravataí, quando passou uma propaganda na televisão fazendo um alerta sobre abuso sexual infantil. Ela aproveitou a oportunidade para dar orientações para a menina, então com oito anos, e percebeu que ela mudou de comportamento.

Não demorou e a criança contou o que vinha acontecendo na casa da avó, que morava no mesmo pátio. A menina costuma dormir lá e o padrasto da mãe, que a viu nascer, cometia abusos. Na época, ele era funcionário da Prefeitura de Cachoeirinha e chegou, conforme a mãe da jovem, a ser motorista de uma van utilizada para transporte de crianças com deficiência.

A menina era colocada para dormir no chão, ao lado da cama do casal, e era chantageada. Se deixasse o vô, como o chamava, cometer os abusos, podia dormir na cama com a avó. E também brincar com o cachorro da avó, um pinscher. Contar o que acontecia para sua mãe era proibido “porque ela ficaria muito brava”.

A ocorrência policial registrada na 1ª Delegacia Regional Metropolitana e a perícia revelaram que o homem passava a mão nas partes íntimas da menina, chegou a lamber e também fazia com que ela o tocasse. Traumatizada, a criança foi encaminhada para tratamento psicológico, que continua até hoje. Já a punição do acusado, nunca aconteceu. No dia que o caso veio à tona, ele fugiu de casa abandonando a companheira. No ano seguinte, em 2022, se aposentou.


A Polícia concluiu o inquérito e o Ministério Público ofereceu denúncia, mas o processo não anda com a celeridade que a mãe da menina gostaria. Nesta quinta-feira (14), mais de três anos depois do ocorrido, duas das quatro testemunhas arroladas pelo homem serão ouvidas. Uma estaria morando em São Paulo e outra, em Pelotas. Duas já foram ouvidas.

“Queremos justiça. Está tudo muito lento. A minha filha só foi ouvida quase um ano depois, quando estava se recuperando. Teve que reviver tudo novamente. Essa audiência de amanhã era para o ano que vem. Eu fui no Fórum cobrar eles e anteciparam”, conta a mãe.

Caso chegou na Câmara de Cachoeirinha

O caso de abuso chegou na Câmara de Vereadores de Cachoeirinha. A família mora no limite entre as duas cidades e a mãe procurou o vereador Mano do Parque, que coordena a Frente Parlamentar de Prevenção e Enfrentamento ao Abuso Sexual Infantil e à Cyberpedofilia. “Nós temos mais dois casos de abuso e estamos analisando”, revelou.

A Frente Parlamentar, segundo o vereador, propõe um engajamento ativo do Legislativo na articulação de políticas públicas e ações integradas que garantam a proteção de crianças e adolescentes. É um espaço institucional de escuta, estudo e proposição de ações concretas, conforme defendeu quando apresentou a proposta aprovada na Câmara.

“Seu papel será estimular o debate, fiscalizar a implementação de políticas públicas municipais, promover audiências públicas, apoiar campanhas de conscientização e dialogar com os órgãos que compõem a rede de proteção social, como conselhos tutelares, escolas, unidades de saúde, organizações da sociedade civil, Ministério Público e Judiciário.”

No próximo dia 28, A Frente Parlamentar vai promover uma palestra na Câmara. O delegado Maurício Barison, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente de Canoas, vai abordar o tema “Combate à Pedofilia e ao Abuso Infantojuvenil”. A palestra inicia às 19 horas.

Como denunciar?

Casos de violência e abusos contra crianças e adolescentes podem ser denunciados pelo DISQUE 100. A denúncia já vai automaticamente para a Polícia e Conselho Tutelar. Também é possível acionar diretamente o Conselho Tutelar de Cachoeirinha pelo telefone 051 9.9718.2092.

Artigos relacionados

error: Não autorizamos cópia do nosso conteúdo. Se você gostou, pode compartilhar nas redes sociais.